segunda-feira, 21 de abril de 2008












Sobre:
O Menos Vendido - Ricardo Silvestrin - Nanquim Editorial - 2006
PRÊMIO AÇORIANOS 2007 - Categoria poesia

Ler O Menos Vendido é perceber o espírito do Silvestrin. Sua essência repousa em sua poesia. Identidade expressa na obra dividida em três partes que retratam em transparências o próprio poeta. A obra não faz distinção entre os grupos de poemas que ora centralizados, ora alinhados à esquerda, com ou sem título, orientam os caminhos do olhar conduzindo-o a novas frentes. Sob o título Manchas tem início a obra com poemas novidade. Ficam depositados ali, os grandes, os menores, os imensos os pequenos, jamais em tamanho mas sim em pura expressividade. No passeio alguns poemas apresentam número ao invés de título e outros mais ousados trazem ambas as formas como que disfarçadamente não tivessem a intenção de evocar a atenção do sensível leitor. Junto aos poemas, à esquerda das páginas registra-se o nome da obra ficando o espaço a direita destinado ao nome do autor, posto ali como um brocado. Na segunda parte, intitulada "quieto em meu canto", a poesia envolve o leitor a partilhar do comportamento adotado pelo autor expresso em tons vermelhos nos versos/então, doutor, esse aperto é coisa de poeta?/ referindo-se ao coração. Registra-se ali a contundência de seus versos quando, como quem desvincula-se do mundo/peço licença para pensar com minha cabeça/essa foi minha sentença/confessa e assina sua genialidade. Na terceira e última parte do livro chamada de "a poesia de cada dia" registram-se os versos como se fizessem parte de um diário de bordo, em apontamentos datados dentro de sua invenção estética. Impossível ao conduzir os olhos sobre a obra, não desvendar das particularidades do poeta, do que despeja/constrói em sua criação. Seus versos livres, extravagantes e contestadores viajam no preto neutro de suas observações. De quando em quando deslocam-se sem o mínimo esforço em versos aerados, leves, coloridos e debochados na vitrine das páginas dessa emoção. O autor com sua criativa destreza pontua com incontestável percepção as fibras que envolvem as relações do cotidiano trabalhando-as dentro de uma cristalina e tão nossa verdade. Mixando várias tendência, escolas e linguagens a obra agrada por sua humilde maturidade.

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